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Preferência alimentar

Preferência Alimentar Gestante

O desenvolvimento da preferência alimentar é precoce, iniciando na vida intrauterino, através da sabida relação entre sabores da dieta materna e líquido amniótico (Menella et. al., 2001). A presença de sistemas gustativos e olfativos no útero fornece a oportunidade precoce para a aprendizagem sensorial que é importante para preparar o feto para experiências pós-natais (Ventura, 2013).

Este desenvolvimento da preferência alimentar segue na fase da amamentação e transição para início da alimentação complementar saudável (Birch LL, Fisher JO, 1998). Esta aprendizagem precoce é limitada por predisposições genéticas das crianças, que incluem a preferência para doce, salgado e a rejeição de sabores azedo e amargo (Birch LL, Fisher JO, 1998). As crianças também estão predispostas a rejeitar alimentos novos e de aprender associações entre sabores dos alimentos e sensações agradáveis ou não após o consumo (Birch LL, Fisher JO, 1998).

Enquanto as crianças estão predispostas a gostar de alimentos doces ou salgados e evitar alimentos ácidos ou amargos, as suas preferências para a maioria dos alimentos são moldadas pela experiência repetida. Além disso, o condicionamento associativo afeta o desenvolvimento dos padrões de aceitação dos alimentos, resultando em preferências para alimentos oferecidos em contextos positivos, enquanto os alimentos apresentados em contextos negativos se tornam mais desagraveis através deste aprendizado de associações com os contextos sociais e ambientais (Birch LL, 1998).

Gosto e percepção do sabor são fundamentais para o desenvolvimento de preferências alimentares, tanto o gosto e preferências de sabor foram apontados como principais impulsionadores de preferências alimentares no início da vida (Mennella et. al., 2001; Mennella et. al., 2012).

O comportamento alimentar infantil é influenciado por uma série de fatores, como por exemplo, exposição a propagandas de alimentos (Giese et. al., 2015; Boyland EJ & Halford JC, 2012; Anschutz et. al., 2009), disponibilidade alimentar (Santiago-Torres et. al., 2014), hábito familiar (Scaglioni, 2008; Skinner, 2002), sensibilidade ao sabor (Sharma, 2013; Mennella, 2005; Lipchock, 2012) e eventos perinatais (Crystal, 1998; Ayres et. al., 2012).

O consumo alimentar infantil pode estar relacionado com a hereditariedade, uma vez que esta disposição hereditária é influenciada por diferenças culturais, na exposição precoce tanto ao sabor quanto a textura dos alimentos, dando origem a diferentes padrões de aceitação de alimentos. Consumo alimentar está relacionado também com comportamentos parietais negativos, uma vez que persuadir uma criança a comer pode ter um impacto negativo sobre a ingestão de alimentos (Harris G, 2008).

Um estudo demonstrou que as mães influenciam as crianças através de suas próprias preferências, que podem limitar alimentos oferecidos às crianças e com isso suas preferências. Neste estudo foi associado preferências alimentares das mães com preferências alimentares das crianças. Alimentos que as mães não gostavam, tendiam a não ser oferecidos para crianças (Skinner, 2002).

O consumo de alimentos palatáveis por crianças é evidente em diferentes estudos, demonstrando alta ingestão de alimentos ricos em açúcares e gorduras (Dalla Costa et. al., 2007; Neutzling et. al., 2010).

Importante observar a relação da preferência por alimentos palatáveis na neuroanatomia funcional do prazer. Podemos referir que a preferência alimentar por alimentos palatáveis é regulada por estruturas do circuito cerebral hedônico. Essas estruturas controlam comportamentos distintos como o “gostar” e “querer” (Castro & Berridge, 2014). Estas estruturas podem estar sensibilizadas em função da restrição de crescimento intrauterino (Ayres et. al., 2012).

Estudo realizado a partir de oito países europeus avaliou 1.696 crianças de 6 a 9 anos com o objetivo de documentar as preferências para doce e gordura e investigar a sua associação com peso e hábitos alimentares. Neste estudo a metodologia utilizada foi à exposição alimentar e os alimentos escolhidos foram: bolacha cracker com alto teor de gordura, bolacha cracker com baixo teor de gordura, suco de maçã natural adoçado com açúcar e suco de maçã natural sem açúcar. A frequência do consumo de alimentos doces e gordurosos foi obtida a partir de questionários respondidos pelos pais. Associações de preferência para gordura foram mais fortes em meninas. Meninas, com preferência combinada para a gordura e doce tiveram uma alta probabilidade de estar acima do peso ou obesas (Lanfer et. al., 2012).

Outro estudo avaliou o consumo alimentar de alimentos com baixo e alto teor de gordura, doce e salgado em mulheres. O alimento representado como baixo teor de gordura doce foi o bolinho de arroz e como alto teor de gordura doce foi à barra de chocolate com granola, representando o alimento com baixo teor de gordura salgado foi utilizado o pretzels salgados e com alto teor de gordura salgado foi utilizado chips de batata (Eppel et. al., 2001).     

A preferência alimentar adquirida na infância tende a se manter na vida adulta (Kudlová 2012, Strauss 1998), demonstrando a relevância dos estudos de consumo alimentar o que podemos fazer inferência em relação à preferência alimentar.

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