O feto é exposto a uma variedade de estímulos sensoriais no útero. O aparelho necessário para detectar tais estímulos, as papilas gustativas, aparece pela primeira vez por volta da 7ª e 8ª semana de gestação.

Os botões gustativos estão completamente formados no feto com 15 semanas de gestação.  Parece haver neurônios olfativos funcionais com 25 semanas. Assim o feto está precocemente equipado para reconhecer sabores voláteis da dieta materna, transferidos para o líquido amniótico, tanto através da deglutição, como através da inalação deste.

As experiências a sabores iniciam durante o desenvolvimento pré-natal e formam uma sequência contínua que dura até mais tarde na infância. As exposições estão associadas as preferências alimentares  na infância e mais tarde na vida.

O consumo materno de frutas e vegetais está associado com preferências de sabor específicos em lactentes amamentados a partir da variedade de sabores expostos através do leite materno.

Essas experiências iniciais ao sabor específico podem ajudar a explicar porque as crianças amamentadas tendem a ser mais dispostas a experimentar novos alimentos, o que pode contribuir com o consumo de frutas e vegetais ao longo da vida.

Um estudo clássico demonstrou que crianças expostas ao sabor da cenoura (consumo no último trimestre gestacional de 300 mL de suco de cenoura em quatro dias por três semanas ou nos dois primeiros meses de lactação), no líquido amniótico ou leite materno, apresentaram melhor aceitação para alimentos contendo cenoura, quando comparadas ao grupo controle.

Texto por: Nutricionista PhD Caroline Ayres

Referência: Mennella, J.A.; Beauchamp, G.K. Maternal diet alters the sensory qualities of human milk and the nursling’s behavior. Pediatrics 1991, 88, 737–744.

Mennella JA, Jagnow CP, Beauchamp GK. Prenatal and postnatal flavor learning by human infants. Pediatrics 107, E88, 2001.